sábado, 8 de junho de 2013

CRÔNICAS DO ENRA #3 - ABUSE E USE

Meu nome é Muriel, chamam Menino Muki

Trabalho na C&A. Não é ruim não, é até divertido, vale mais pela diversão do que pela grana. Mas que trabalho aqui em Belém dá dinheiro? Tirando tráfico, lavagem, política, serviço público, o que é que dá dinheiro? Nada. Então ter um trabalho divertido é quase ser rico, numa terra infeliz dessa. Se do nada todos morrêssemos, mesmo que de forma dolorosa, ainda assim estaríamos dando um passo à frente na história da evolução da civilização belemense.

Pessoal fala que eu sou metido a ser cult. Dá pra ser cult morando no Curió, na rua da Menina Silvia gatinha miau, perto da casa do Tiago Tartaruga, não dá, amigo.

Belém é uma cidade em que as coisas são niveladas por baixo. Nunca saí daqui, não sei como são os outros lugares, mas aqui é assim: se você sabe pronunciar bem as palavras, se não tem costume de mexer nas coisas dos outros, se não bebe até se vomitar todo e dar trabalho pros amigos, cara, você foi criado por vó. Se você teve educação, sabe dizer as palavras mágicas, agradecer, pedir desculpas, você é um playboyzinho.

Não fui criado na rua, mas moramos na periferia, meus pais não deixavam a gente sair muito, minha irmã e eu. Mas parece que o certo aqui é tomar banho em canal, fumar umas pedras e ser violentado atrás do campinho ali perto do entroncamento.

Daí você olha o BRT que é o maior golpe ao erário público a céu aberto, bem na cara de toda a cidade, na cara da Assembléia Legislativa, na frente do Ministério Público, e aí você diz que não entende, mas é só olhar pro seu colega aí que pára em fila dupla, pro seu brother que gira copo de cerveja no show, vai no campo e atira coisa no gramado, pro seu pai, seu irmão que mija na rua, joga lixo pela janela do ônibus, passa pelo acostamento, que sai marcando todo mundo em fotos no facebook pedindo a cassação do prefeito que matou os cachorros, muito firme isso, e de som alto por aí nos carros pode, né? Quer dizer, o pobre com seu celular no ônibus não pode, mas o playboy com Hilux de som estupidamente alto pode. Vai te fuder...

Não sei o que é, se é o calor, se a gente é caboco mesmo, tipo descivilizado, sem educação, sabe, quase com medo de trovão, recém descoberto o fogo, a gente ainda sai correndo atrás de ônibus, cara, a gente tem medo da chuva, hahahaha, esses filhos da puta trancam todas as janelas do ônibus mesmo sendo um chovisco, mesmo a chuva tendo passado há 10 min, a porra ta pegando fogo, cozinhando meu ovo dentro do meu saco e esses vagabundo não abrem a janela. Preguiça? Com certeza, de tudo.

COM CERTEZA

FALOU
VALEU


sexta-feira, 7 de junho de 2013

CRÔNICAS DO ENRA #2 - DELINQUIR É PRECISO.

Lançamento do DVD do Delinquentes dia 08, sábado, no Mormaço, junto com Johny Rockstar e Adipocera. Estarei lá, espero que estejam também, não porque ~~~tem que prestigiar~~~ prestigiar a minha pica que é grande e grossa, tem que ir porque a banda é boa, o projeto é ousado e foda, porque Jayme, Pablo, Rafa e Pedro são caras gente fina, não pisam em ninguém e são trabalhadores.

Delinquir é preciso. É preciso invadir, transgredir, depredar, destruir. Não me perguntem como é possível fazer isso sem abuso, sem machucar o direito dos outros, mas é preciso ser agressivo.

Vai ouvir rock? Põe essa porra alto. Vai ouvir sertanejo? Põe alto, bicho! Mas põe alto no teu fone.

Vai fazer um protesto? Tem que fazer escândalo. Se queimar pneu na rua era o cúmulo da preguiça do protesto, imagina isso que vocês fazem no facebook.

AI GENTE QUE PENA DA FOCA RUIVA RUSSA QUE FOI EXCLUÍDA DO GRUPO, porra minha filha vai se fuder, cara, uma pena é a molecada cheirando cola aí na frente do teu prédio na Doca; e a outra branquinha comentou NOSSA TO CHORANDO ATE AGORA, só se for pela buceta, que cada um chora por onde tem saudade, porra molecada, vão se fuder.

Delinquir é preciso, tipo quando uma banda para com a frescura de ter medo que só pode fazer show quando estiver perfeita no ensaio e mete a cara, quando o jornalista para de citar ocupação de cada cara dentro da banda e idade e essas coisas nao interessam, que no começo era uma brincadeira, esses cliche, chega dessa porra.

Quando tem esses zé buceta que vem falar de coxinização, cara, enfia essa coxinha no teu cu, não vem com essas expressões de paulistano pra cá, bicho,  pior raça que tem depois de paulistano otário é paraense querendo ser pauslitano, se trancasse os dois numa sala escura, não ia acontecer nada, porque o paraense ia querer dar a bunda pro paulsitano que é tudo um bando de pau mole (so os otario).

Tem que ser agressivo, cara, tua banda toca bossa nova, entao caralho, vai fazer música de mesmice? nao, faz uma bossa nova foda que vai mudar  o mundo, que nem o treme, o funk, o whatever universitario, que mete o bicho, choca todo mundo, vem com refrao tipo "joga o cu, joga a xota", cara é fantástico, mas naaaaao, quando o, por exemplo, brega sai do underground , onde nao circula dinheiro, onde tudo é série D do campeonato da vida, onde a gente ta, o que acontece, toca em tudo que é lugar, puta que pariu, o brega vira ... uam coisa chata na tv... CADE O PITCH ACELERADO PORRAAAA

Se tem uma cois aque eu gosto é de peito de mulher aparecendo, mas se tem uam coisa que eu odeio é peito de mulher que aparece de maneira programada (so os feio)

VALEU
FALOU
CARALHO



quinta-feira, 6 de junho de 2013

CRÔNICAS DO ENRA #1 - A FUNKEIRA DO CURIÓ

Olá, meu apelido é Rena, de Renato, sobrenome é Belém, em conversa com amigos bêbados de Rena Belém, ficou Enrabelém. 

Mas também já disse que sou Lucas, Luciano, Renan, Aluísio, Tiago cara de tartaruga...

Sou jornalista, trabalho num jornal de grande circulação e pego a Almirante Barroso de ônibus para o trabalho todo dia. Tive que vender o carro na separação e me mudar também, porque a mulher ficou com a casa. Hoje moro ali no Curió, o que é legal, dá pra tomar uma cerveja gelada no fim do dia no Athenas junto com o Shiryu, Shun, Hyoga e o fresco do Seiya, a "santa".

Apesar dos assaltos e das mortes que acontecem aqui na frente do prédio, tem umas mulheres bonitas que caminham no fim da tarde e início da noite, umas roupas de caminhada mais pra dentro do corpo delas do que a própria roupa íntima, o que ora é bom, ora é ruim.

Aí que ontem fui comprar salsicha e ovos pra marmita de hoje, por volta das 20, e num banco ali perto da entrada da perimetral tinha um casal que, sentados ela de costas para ele com o banco de concreto entre as pernas, demonstravam publicamente o interesse sexual um pelo outro.

É certo que o tesão no homem causa um desequilíbrio entre o que é real e o que não é, nunca foi, nunca será. O homem se vê invisível, e crendo que ninguém o está vendo, se submete a situações justificáveis apenas pelo tesão. Que testemunhem os tempos de escola. Mas a mulher, no meio da rua, eu nunca tinha visto.

 Ela se inclinava para a frente, mãos nos joelhos, levantou a bunda como um belo canhão pirata num short curto e apertado e levantando a blusa até o limite dos peitos, começou a chaqualhar, uma dançarina de funk carioca como nos filmes de sacanagem que tem no Hellxx, Xvideos, Xhamster, AsParaenses e vários outros.

"Que porra é essa, caralho?", foi o que gritou um moço que corria no mesmo canteiro em que senhoras, mulheres e crianças passavam ao lado da menina dançarina. Eu achei foi muito firme. Por um momento, as 30 pessoas que passavam por ali ficaram indignadas, mas a verdade foi que todo mundo ficou foi a fim de fuder. Ou será que fui só eu?